[Review] Tsukihime
Se você curte animes, a chance da franquia Fate
ser conhecida não é pouca. Com
séries como o ótimo Fate/Zero,
o popular Fate/Stay Night
(que ganhou uma adaptação bem mediana, mas que chegou até mesmo a
passar no Brasil), além de diversos games, spin-offs escravidão da pobre da Saber e por aí vai. Mas, nada existiria se
não fosse pelo jogo que lançou a indie
e iniciante Type-Moon
no mercado de visual novels:
Tsukihime, o tema
desse post.
História
Tsukihime (algo como Princesa
da Lua) é uma visual novel
lançada no ano de 2000 para PC. A história gira em torno dos
mistérios de Shiki Tohno e sua família. Quando era criança, Shiki
sofreu um grave acidente que deixou uma grande cicatriz no seu peito
e debilitou bastante sua saúde, tornando-o suscetível a desmaios e
coisas do tipo. Após esse
acidente, algo muito mais estranho começou a acontecer: Shiki passou
a ver linhas cobrindo todos os seres e objetos. Além disso, quando
essas linhas são cortadas, aquilo em que elas estão é destruído.
A história tem início anos
depois, com Shiki sendo
chamado de surpresa para voltar
para a mansão de sua família
(após o acidente ele passara
a morar com os tios). Enquanto isso, rumores sobre um vampiro
atacando a cidade se
espalham…
Sinopse meio estranha e desconexa, eu sei, mas ligar tudo isso
poderia dar algum spoiler. O enredo tem um desenvolvimento
lento e um tanto confuso, mas, assim como todo quebra-cabeça,
conectar as peças dá uma verdadeira satisfação. Há dois grandes
cenários no jogo: a Near-Side Route, focando nos mistérios
do vampiro na cidade, e a Far Side Route, centrada na
enigmática família de Shiki. Dentro desses cenários, há cinco
rotas (duas dentro da Near-Side, e três na Far Side) e
todas são muito boas. Há bastante tensão e tragédia, mas também
romance e até mesmo comédia. Tudo bem balanceado, não destoando do
clima da história.
Ainda que os mistérios sejam fodas e o enredo tenha momentos capazes
de arrancar lágrimas de muitos marmanjos, talvez o elemento mais
interessante em Tsukihime seja sua configuração, o mundo em
que ele se passa. Explicando melhor: Tsukihime, assim como
Fate, faz parte do Nasuverse, universo criado por
Kinoko Nasu. Ou seja, há várias regras, organizações, entidades,
classificações entre muitos outros detalhes criados para esse
mundo, no qual se passam as obras da Type-Moon, ocorrendo
sempre uma ou outra ligação entre elas. E isso tudo é muito
fascinante pois a sensação de ler é a de descobrir toda uma
sociedade complexa e mágica vivendo às sombras da nossa.
Mas, por outro lado, é nesse ponto que temos um dos pontos fracos
não só de Tsukihime mas também do próprio estilo de
escrita de Kinoko Nasu. Por haver tantos detalhes na estrutura do
mundo em que a narrativa acontece, alguns trechos são bem maçantes
e longos por tentarem explicar algo desse universo. Além disso,
quando acontece de algo não ser explicado, há aquela sensação de
“estar boiando”. Mas nada que prejudique a leitura em si.
Personagens
Da esquerda para a direita: Kohaku, Hisui, Ciel, Arcueid e Akiha |
Os personagens são todos muito bem desenvolvidos e cheios de
segredos trágicos. Das cinco personagens principais, é certo que
uma, pelo menos, vai marcar você. Arcueid está envolvida com os
rumores do vampiro. É alegre, descuidada e impulsiva. Ciel é uma
colega de escola de Shiki cuidadosa e responsável. Akiha é a irmã
do protagonista. É meio bitch mas tem um bom coração. Hisui
e Kohaku são as empregadas da mansão e rainhas, lindas,
destruidoras, melhores personagens. Hisui tem aquele jeito Rei Ayanami frio e indiferente
e Kohaku é a alegria em pessoa. Todas, porém, são bem melancólicas
no fundo e estão relacionadas com o quebra-cabeça chamado
Tsukihime. Além disso, Shiki está longe de ser um
protagonista padrão de uma vn, com ele também tendo seus
segredos e oscilando bem entre fragilidade e força.
Jogabilidade
Para falar da jogabilidade, acho necessário explicar um pouco o que
é uma visual novel, ou traduzindo, um romance visual.
Romance? Não é um jogo? Sim e não. Uma vn é uma espécie
de livro, mas com imagens, geralmente em estilo anime, e trilha
sonora, com alguns tendo até dublagem. E onde entra o jogo da coisa?
De forma bem simples, mas bem interessante. Em uma vn você
não só lê, você interage com a história realizando escolhas que
mudam o desenvolvimento do enredo e até o final. Lembra o que falei
lá em cima sobre rotas? Cada rota é um possível desenrolar dos
acontecimentos, com cada uma tendo dois finais (com exceção da rota
de Kohaku <3 que só tem um). Ou seja, a gameplay é bem
simples e serve mais como complemento ao enredo. Não há muito a
comentar.
Visuais e Áudio
Lembra quando eu disse lá no topo que a Type-Moon era indie
nessa época? Pois é, o baixo orçamento acabou afetando a parte
técnica do jogo/livro (você escolhe). Sendo direto: Tsukihime
é feio. Os menus são de um design bem simples, há poucas
ilustrações, os cenários são fotografias com filtro de desenho e
por aí vai. A parte sonora também foi um pouco prejudicada. Apesar
de ter músicas belas e marcantes (a música tema em especial, que você pode ouvir aí em cima), são
poucas as faixas e que caem logo na repetição. Não chega a
prejudicar muito o todo, mas cansa a leitura (principalmente quem já
jogou vns com um orçamento maior). Felizmente, há um remake
em produção E VAI SER FODA, POWRRA HUAHUHAUHAUH.
Conclusão
Para quem gosta de leitura, vampiros de verdade,
suspense e mistérios, Tsukihime é uma ótima pedida. Seus
personagens são carismáticos, o enredo é profundo e surpreendente
e seu universo é fascinante.
Prós:
- Enredo criativo e intrigante;
- Universo fascinante;
- Personagens carismáticos e bem desenvolvidos;
- Emoção;
- Hisui e Kohaku.
Contras:
- Narrativa lenta e detalhista torna a leitura maçante em alguns momentos;
- Músicas repetitivas;
- Visual pouco atraente.
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