[Review] The Witcher 2: Assassins of Kings
No começo desse ano, a abençoada Live Gold me deu a
oportunidade de pôr minhas mãos em um jogo que tinha despertado
minha curiosidade por ser voltado a um público adulto e mais maduro:
The Witcher 2: Assassins of Kings.
E confesso que isso era tudo que sabia sobre o game, não tinha
muitas informações sobre gameplay
ou algo do tipo. Quer dizer, sabia também que The Witcher 3 estava
por vir e muitos donos de um PS4 estavam ansiosos para entrar no
mundo do amnésico
Geralt pela primeira vez. Mas será que temos motivos para esperar um
épico ou caímos novamente no hype?
Leia abaixo uma review do segundo título dessa série.
The Witcher 2: Assassins of Kings
é um RPG com toques de hack and slash
lançado para PC e Xbox 360 em
2011. Ao contrário do usual no mundo dos games, The
Witcher não é uma adaptação
de um filme ou animação, mas sim de uma série de livros do polonês
Andrzej Sapkowski (amo esses nomes europeus, parecem
que foram digitados por aquele seu amigo bêbado que lhe manda
mensagem de madrugada para falar que a festa tá boa),
a qual inclusive já foi publicada no Brasil pela
Editora Martins Fontes. Eu
tive nenhum contato com os livros, mas pelo que comentam eles são
coletâneas de contos sobre as altas aventuras do bruxeiro
Geraldo. Ou seja, vemos aqui
uma história realmente mais
elaborada? Vamos por partes.
História
Como é deixado claro pelo título,
a trama de The Witcher 2
gira em torno de um grupo de regicidas Jamie Lanister curtiu isso que está tocando terror no mundo do jogo. E se você conhece um
mínimo de história, política ou tem uma capacidade de imaginação
básica, deve saber que quando um rei morre seu reino vira uma
bagunça. Intrigas, jogos de poder, traições, tudo isso entra nesse
enredo onde ninguém é confiável e nada é o que parece. E
como nosso amigo Geralt de Rivia entra nisso? O sempre inconveniente “lugar errado na hora errada”. Acusado
injustamente, Geraldo precisa descobrir quem é o responsável pela
série de assassinatos e limpar seu nome no processo.
Já deve ser
óbvio, mas caso não seja:
The Witcher 2 segue
uma narrativa bem
política. São vários nobres, famílias reais, reinos, todos
disputando quem é o mais poderoso. Ou seja, se você quer fugir das
tramas emotivas típicas dos JRPGs
e busca algo maduro, aqui está um prato cheio. Porém, aqui jaz um
dos maiores problemas do enredo: excesso de informações,
principalmente para quem não jogou o game anterior.
Você tem um mundo inteiro e
complexo, junto com os eventos do primeiro TW, que lhe é jogado sem
muita orientação. Sim, há textos explicando os acontecimentos e
elementos do Universo, mas convenhamos que essa não é a melhor
forma de te envolver num mundo, não é mesmo? Com isso, há vários
momentos em que boiamos nos diálogos por não sabermos quem é
fulano ou o que aconteceu em tal lugar. Por
isso, é recomendado ter um conhecimento prévio da narrativa antes
de jogar. Isso não é algo que prejudica consideravelmente a
experiência, mas incomoda.
Um dos destaques vai para o próprio Geralt. Mas antes, vale falar
mais sobre os witchers, mutantes criados por magos para que
eles possuam capacidades físicas maiores, possam beber poções
(fatais para humanos comuns) e usem magias. Um witcher vive
realizando trabalhos para estabelecer a ordem entre os demais seres
do mundo do game (claro, tudo por pagamento). Ou seja, Geraldão não
é um herói, mas também não é um mercenário. Ele segue um código
de ética, busca não interferir em assuntos políticos, evita
cometer abusos ou injustiças… E nisso entra um dos seus charmes.
Ele é real – um homem simples, humilde mesmo que poderoso e que
quer apenas encontrar paz de espírito e descobrir mais sobre si
mesmo.
Outro ponto a favor do enredo é a liberdade para tomar escolhas –
e enfrentar as muitas vezes duras consequências. Sim, duras.
Não há branco e preto, paragon e renegade, no mundo
de The Witcher. Nada é o que parece, poucos são dignos de
confiança e muitos são os que sofrem com qualquer rumo que a
história siga. Falando em rumos, no final do primeiro capítulo o
jogador pode decidir se aliar entre dois personagens, o que muda
completamente o andamento dos dois capítulos seguintes. Não
só isso, mas também suas escolhas podem levar a 16 finais
diferentes. Ou seja, há um incentivo para o replay enorme.
Jogabilidade
Curte um RPG bem completo, com sidequests, itens, customização
e tudo mais? Pois fique feliz, pois The Witcher 2 abraça de
fato as bases do gênero. Geralt luta com duas espadas, uma de prata
e outra de aço, sendo a primeira mais efetiva ao lutar contra
monstros e a segunda com humanoides (humanos, elfos e duendes). Ao
lutar, você deve segurar o LT para mirar em um dos inimigos e atacar
com o A e o X, sendo um para ataques fortes e outro para fracos.
São cinco as magias disponíveis (chamadas Sign no jogo):
Aard, uma onda telecinética, Yrden, uma armadilha
posta no chão, Igni, um jato de chamas, Quen, um
escudo protetor, e Axii, que faz com que um dos inimigos mude
de lado por um tempo. Além disso, há os itens que podem ser
utilizados nas batalhas: bombas, facas e armadilhas, todas com
efeitos diversos.
O jogador também pode pôr óleos nas lâminas, dando-lhes efeitos
diversos, e beber poções que modificam seus traços, como a
regeneração de Vitalidade e a resistência a envenenamento. Ainda
há um sistema de esquiva (importantíssimo, por sinal), defesa e
contra-ataque. Fora dos combates ainda há lojas, forjas, alquimia e
até livros que aumentam os conhecimentos. Ou seja, temos aqui uma
jogabilidade bem completa e que vai agradar os fãs mais exigentes
Apesar disso, os combates sofrem um pouco com o sistema de mira pouco
prático. Muitas vezes acontece de você ficar mudando de alvo e não
conseguir atacar o inimigo desejado. O esquema de duas espadas também
foge da praticidade. Ao aparecer um inimigo, Geralt saca a espada
mais adequada à situação automaticamente. No entanto, ele muitas
vezes demora a executar essa ação, deixando-lhe vulnerável aos
ataques. Há a possibilidade de você mesmo realizar essa ação
apertando os direcionais, porém há a possibilidade de confundir as
espadas e só perceber o erro após apanhar. Para completar, há
alguns bugs que impedem o progresso das missões.
Visual
The Witcher 2 é simplesmente
lindo! Não há como negar. Os cenários são diversos e vivos, dando
muitas vezes vontade de parar apenas para observar o mundo criado
pela CD Projekt RED,
desenvolvedora do título. Mas o destaque vai para os personagens.
Ricos, detalhados e com uma direção de arte belíssima, os
figurinos do game dão um verdadeiro show. São várias as cores,
texturas, materiais, tecidos e ornamentos compondo os personagens.
Geralt mesmo pode utilizar várias armaduras, calças, botas e luvas
e ainda mudar o penteado durante a jornada, Enquanto os reis
mostram-se realmente régios, a população mostra-se humilde, mas
bem construída.
É uma verdadeira pena que toda essa
beleza seja quase quebrada por bugs
e um carregamento de texturas
lentíssimo. É comum ocorrer problemas como personagens aparecerem
do nada (ou até mesmo aparecerem em parcelas, com a cabeça ou
membros do corpo faltando) ou estarem em locares onde não deveriam
(ou fazendo coisas que não deveriam, como urinar enquanto participa
de um cutscene). É
uma pena um jogo tão detalhista ter erros tão grosseiros. Seria
compreensível se ele fosse em mundo aberto, onde é comum esse tipo
de situação. Mas aqui parece mais um amadorismo
dos desenvolvedores.
Áudio
No
departamento de áudio, o game é bem competente. As
músicas, orquestradas, transmitem bem as emoções de cada situação.
Não chegam a realmente marcar o jogador, mas são bem produzidas. A
dublagem também mantém-se em um bom nível, apesar de algumas falas
de personagens secundários serem “estranhas”. Geralt tem uma voz
firme, ainda que calma e baixa, algo que gosto bastante (odeio
personagens barulhentos).
Um jogo maduro?
Antes
de concluir o texto vale um parágrafo para falar sobre todo o
marketing em torno da maturidade do game e seu direcionamento ao
público adulto. Certo, a história é de fato adulta. As questões
políticas são complexas, não há heroísmo e há a abordagem de
temas como estupro, racismo, suicídio e por aí vai. Porém, essa
maturidade desce pelo ralo quando o assunto é sexo (um dos pontos
inclusive mais destacados pela equipe de desenvolvimento). Para a CD
Projekt RED, tratar sexo com
maturidade é inserir prostitutas que acrescentam nada à narrativa,
é expor mulheres completamente nuas mas não mostrar sequer meia
nádega do homem com quem elas transam… Ou seja, é apenas pôr um
holofote na nudez e sensualidade feminina. Entendam, não é que eu
faça questão de Geralt aparecer pelado e tudo o mais. O problema é
disseminar uma propaganda de maturidade quando na verdade só há
apelação sexual digna da mentalidade de um adolescente virgem. É
bizarro Geralt transar de calça comprida. Pagar prostitutas para 30
segundos de mulheres gemendo de quatro não transmite nada a não ser
fanservice. Podem
achar um mimimi, mas
se é para ser adulto seja adulto de fato.
Conclusão
The Witcher 2: Assassins of Kings
é um ótimo jogo e que agrada em cheio os fãs de RPG. Com uma trama
madura, liberdade de escolhas, direção de arte belíssima e
jogabilidade detalhista, o game é um dos melhores jogos do gênero
na geração passada e dá motivos para crer que The Witcher 3
estará entre os melhores do ano. Só espera-se que a CD Projekt
RED dê mais atenção aos bugs
e redefina seus conceitos de maturidade, principalmente no âmbito
sexual.
Prós:
- História madura;
- Liberdade de escolhas;
- Jogabilidade detalhista;
- Direção de arte belíssima;
- Protagonista carismático;
- Alto fator de replay;
- Customização.
Contras:
- Bugs;
- Sexismo
- E mais bugs.
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